Obras de misericórdia espirituais

outubro 05, 2016

Neste Ano Santo da Misericórdia, somos chamados a exercer nossa fé, uma sugestão para isto é praticar obras de misericórdia. Afirma Santa Faustina Kowalska, “mesmo a fé mais forte de nada vale sem as obras”. (Diário n.742). Segundo o Papa Francisco, Jesus nos “apresenta estas obras de misericórdia para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos.” (Cf.Misericordiae Vultus. n.15). Além do mais viver como discípulos de Cristo diante dos sinais de morte que existe no mundo é não deixar-nos vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem, dando o que comer e beber até mesmo a um inimigo faminto, pois assim, estaremos sendo sinais do reino implantando a misericórdia e a paz de Cristo. (Cf. Rm 12,17-21).
As obras de misericórdia corporais são sete: 1ª dar de comer a quem tem fome, 2ª dar de beber a quem tem sede, 3ª vestir os nus, 4ª acolher os peregrinos, 5ª dar assistência aos enfermos, 6ª visitar os presos e 7ª enterrar os mortos; as obras de misericórdia espirituais da mesma maneira são sete: 1ª aconselhar os indecisos, 2ª ensinar os ignorantes, 3ª corrigir os pecadores, 4ª consolar os aflitos, 5ª perdoar as ofensas, 6ª suportar com paciência as fraquezas do próximo e 7ª rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos. Neste artigo abordaremos todas as sete obras de misericórdia espirituais.
Primeira: Aconselhar os indecisos: É de nosso conhecimento que é nosso saudoso, São João Paulo II, é intitulado como o papa da misericórdia, e em uma de suas encíclicas, a Divis in Misericórdia, define a misericórdia como “o amor em exercício da Salvação”. Por esta razão devemos praticar as obras de misericórdia como exercício de Salvação pessoal, comunitária e social. Hoje em dia basta digitar uma pergunta, ou fazer uma pesquisa em qualquer – dos vários – buscador na internet que não nos falta conselhos, bons, duvidosos, interesseiros, ruins, [...] Ai cabe a reflexão: qual o melhor? Podemos também refletir, quais os conselhos que eu tenho oferecido? Conselhos bons, duvidosos, interesseiros, ruins? Ou conselhos que trazem libertação e Salvação?
Segunda: Ensinar os ignorantes: Resume-se em ensinar, aqueles que foram privados por algum motivo de uma boa educação e cultura, instruir as crianças desprovidas do necessário para crescerem socialmente e intelectualmente. Reconhecer que Cristo está no outro é uma grande alavanca para tornar-me instrumento de salvação e misericórdia, pois quanto mais aumenta em mim essa consciência compreenderei que se falo algo bom a outro, é para Cristo que o faço, se sou indiferente e rejeito, portanto, é a quem que o faço?
Terceira: Corrigir os pecadores: De que maneira? Responde São Paulo Apóstolo: “Irmãos, se porventura alguém for apanhado em falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão” (Cf.Gal 6,1). Mansidão um dos conselhos que o Apóstolo nos dá, seguido é necessário a prudência ao dirigir uma alma, pois ao instruir assumimos plena responsabilidade do caminho apresentado, se porventura dirigimos a um caminho errado e desconhecido seremos responsáveis pelo insucesso.
Suponhamos que devemos corrigir uma pessoa próxima, de inicio já encontraríamos resistência, quanto mais alguém não próximo, por isso chamamos atenção para o quesito da prudência.  Quem de nós já não resistimos a mudanças? Portanto tenha mansidão e prudência.
Quarta: Consolar os aflitos: Pergunta o fundador da Congregação dos Padres Marianos, Pe. Estanislau Papczynski: “O que há de mais difícil do que não ter quem se compadeça de nossa dor?” Devemos estar atentos para praticar essa obra espiritual de misericórdia para não cairmos no pecado da indiferença, ou melhor, na doença da indiferença que gera morte . Papczynski da um conselho muito interessante: “Estejam atentos cristãos. Alegrai até mesmo um inimigo triste, quando puderes.”
Vocês estão dispostos a serem misericordiosos? Disse Jesus que os misericordiosos alcançariam misericórdia, ou seja, se formos também misericórdia para o outro receberemos a recompensa do próximo e com certeza de Deus.
Quinta: Perdoar as ofensas: A quinta obra de misericórdia espiritual vem de encontro com uma das propostas do Ano Extraordinário da Misericórdia, que nos convida entrar no caminho de conversão. Esse caminho pode ter inicio oferecendo perdão, diz o Papa Francisco “Este é o momento favorável para mudar de vida! Este é o tempo de deixar tocar o coração.” (Cf.Misericordiae Vultus, p22. Cap19).
Como filhos de Deus, somos chamados a oferecer o perdão e o receber, com confiança. Afirma o Padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior que “A pessoa que não consegue libertar o perdão é porque se esqueceu de sua condição de pecador perdoado.” Portanto, se Deus nos perdoa e recebemos o seu perdão, como podemos deixar de perdoar quem nos ofendeu?
Sexta: Suportar com paciência as fraquezas do próximo: De inicio, dizemos, não é uma tarefa humana, sem a Graça de Deus é impossível, suportar com paciência as fraquezas dos outros. Percebemos que ao nos referirmos as obras de misericórdia, uma esta intimamente ligada a outra. Por exemplo: Uma mãe que, Aconselha – primeira obra, Ensina – segunda obra, Corrige – terceira obra, Consola – quarta obra, Perdoa – quinta obra, é chamada, portanto ir além, suportar com paciência as fraquezas, dos filhos, esposo, netos, sobrinhos, irmãos, irmãs, pais etc.
Sétima: Rezar pelos vivos e mortos: A doutrina cristã católica afirma que o acontecimento da morte deve ultrapassar as perspectivas deste mundo material em vista da fé na Ressurreição. (Cf.CIC.1787). Enfim devemos confiar a Deus cada um de nossos irmãos, vivos e mortos, pois ainda que mortos jamais estaremos separados, porque estaremos unidos a Cristo. (Cf. S. Simão de Tessalônica. Sep,367.pg155,685).
Podemos nos questionar: Quando rezo, lembro dos meus parentes e amigos, vivos ou mortos? Ou quando rezo peço somente para mim?

Ir. Gabriel, FGMC

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