Que poder os ritos tem em nossa vida?
janeiro 17, 2015
Palavra do Superior - Mês de Janeiro 2015 - Ano da Vida
Consagrada
Todas as religiões têm seus ritos e exigem de
seus fiéis a crença e a prática dos mesmos. Dentre os povos pagãos o povo Cananeu
tinha o costume de sacrificar crianças, o primogênito, para agradar seus deuses. Neste contexto
Abraão entende que a prova maior de expressar seu amor a Deus seria também
sacrificar seu filho primogênito (Isaac) ao seu Deus. Sendo o Deus de Abraão o
Deus da vida, fez compreender que a morte de seu filho Isaac não era necessária
para provar seu amor. Ao contrário, entendeu que amar a Deus exige de cada homem
a defesa de sua própria vida e a vida de seus irmãos. Com esta consciência
Abraão oferece um cordeiro. É um sacrifício
que corresponde a um amor recebido. Abraão quer agradar Aquele que tudo
provê. Assim acontece entre muitas gerações que tinham o Deus de Abraão como
Deus Criador. Mais tarde Moises usa da mesma inspiração para a passagem do
Êxodo, ou seja, da escravidão do Egito para a liberdade. Sacrificou um cordeiro
primogênito e sem mancha para marcar as porta do povo hebreu. De forma
pedagógica Deus prepara este povo para o verdadeiro sacrifício. Na plenitude
dos tempos envia seu Filho ( O Primogênito ), que se revela como “Cordeiro
de Deus”. O cordeiro de Abraão é
para agradar a Deus provando seu amor, o de Moises para proteger seu povo do anjo exterminador. O
Cordeiro de Deus é o próprio Jesus que tira o pecado do mundo. Uma vez que
derramou seu sangue não é mais necessário o derramamento de sangue de animais.
Se não é necessário sangue de animais muito menos de pessoas. Este gesto de
Jesus de se entregar como Cordeiro imolado, derramar seu sangue pela
humanidade, exige de cada cristão uma resposta de amor. Esta resposta é
celebrar pelo menos aos domingos (dia do Senhor) a verdadeira Páscoa,
que é a passagem da vida velha para uma vida nova. Celebrar o rito da missa é
fazer memória da paixão-morte-ressurreição do Senhor. Esta memória não é uma
lembrança do que aconteceu com Jesus,
mas sim uma atualização da sua entrega na cruz. Assim este rito traz para o cristão o
verdadeiro sentido da Vida. A prática da celebração é agradecer a Deus por ter
nos dado seu Filho Primogênito para ser nosso alimento, e alimento que nos
fortalece para o combate dos males que enfrentamos no dia-a-dia. É ainda reconhecer
que precisamos da força de Jesus, que não temos forças próprias para o combate
espiritual. E só Jesus pode alimentar nosso espírito com sua Palavra e seu
Corpo ( Pão descido do Céu ). Tem pessoas que se iludem e são
enganadas, acham que podem encontrar forças, resolver seus problemas, ganhar
dinheiro, arrumar emprego, resolver seus sentimentos, conseguir a pessoa que
ama e até se vingar de alguém com ritos pagãos. Muitos procuram seitas e pessoas
que garantem resultados mágicos com
ritos de sacrifícios de animais e oferendas de alimentos, chamados de “trabalhos”.
Jesus
ao sacrificar-se por nós elimina a forma antiga de sacrifícios de
animais. Assim não é permitido nenhum cristão realizar praticas de sacrifícios
de animais e nem “trabalhos” para prejudicar alguém. Além do mais, basta usar
um pouco da inteligência que Deus nos deu pra compreender que não é o sangue de
um animal que muda nossos interesses, nossas necessidades e sim a luta honesta e as capacidades que Deus nos deu. E tudo que
fizermos de mal e desejarmos para nossos irmãos seremos nós mesmos os prejudicados. Estes ritos que envolvem o mal
trazem para quem os praticam o próprio mal. Jesus ao derramar seu Sangue abriu
para a humanidade seu coração misericordioso donde jorrou Sangue e Água.
Podemos dizer que diante de tanto mal que existe, estamos também vivendo o
tempo da misericórdia. Portanto, para os
que fazem o mal, usando de ritos pagãos e não se arrependem, serão punidos por
toda a eternidade.
Pe. Estêvão Maria da Divina Misericórdia, FGMC
Superior do Mosteiro da Divina Misericórdia
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